Os raios do sol rompendo o nevoeiro numa manhã silenciosa, revela cidades com partes destruídas no Vale do Taquari, com a triste convivência de desamparo em áreas de risco. Ainda com marcas profundas nos lares e nos corações de desabrigados deixadas pelos rios Taquari, Forqueta e arroios afluentes, se tornaram um símbolo de isolamento e famílias com crianças ainda necessitando ajuda. A vida e frescor vindas das águas, em momentos desastrosos, tornam-se a marca do afastamento de recursos e conexão de toda região, com as pontes submersas em nossas memórias, se transformaram em vestígios da outrora conexão para nossos caminhos.
Mais de seis meses se passaram desde que as águas dos rios se tornaram vorazes, levando consigo não apenas pontes e estradas, mas também a esperança de muitos que ali vivem. Na memória ficaram as pontes, estradas e rodovias, onde hoje passam automóveis, caminhões trafegando com lentidão. Ainda vemos casas com marcas de lama nas paredes, destroços de utensílios domésticos, com a marca do cansaço, restam flagelados aguardando socorro para resgatar o que as águas levaram.
Na lembrança ficaram as pontes, e vias, elo que impulsionavam a região, com o fluxo de veículos e pessoas, jogados pela dificuldade, na incerteza longas jornadas e a saudades. A postura dos habitantes reflete a resistência e a capacidade de um povo que não se deixa abater facilmente. Contudo, a frustração é evidente. As promessas de recuperação soam vazias quando o tempo passa e as soluções parecem distantes. Os governantes locais fazem o possível, mas os recursos são escassos e as prioridades se acumulam.
Nas conversas informais, nas calçadas, e em bares demonstram força para aliviar as dificuldades em ir e vir, sonhando com dias em que possamos novamente cruzar pontes e retomar nossas vidas. Sempre prontos para conviver com as águas que nos cercam, para reconstruir e refazer os laços com o resto do mundo.